- Por José Gabriel Navarro e Luciele Velluto -
Quem tem bicho de estimação precisa estar preparado para o aumento de preços nos serviços oferecidos em clínicas veterinárias, pet shops e hotéis para animais de estimação.
O custo para manter as mascotes saudáveis e bem arrumadas subiu cinco vezes mais que a média geral dos produtos e serviços oferecidos em São Paulo e na região metropolitana.
Um dos principais índices de inflação calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostra alta de 10,84% na capital em relação ao preço de tratamentos e produtos para animais no acumulado de janeiro até o fim de julho deste ano. No mesmo período, o índice geral, que abrange todos os produtos e serviços, foi de 2,2%.
“Já estava preparado para esses aumentos e todos os gastos quando resolvi ter o Rick. Me preparei como se fosse um filho. O veterinário subiu uns 20% em um ano, mas não tem como deixar de levar para tomar vacinas ou exames”, conta o comerciante Claudio André Sacco, de 34 anos, dono do shih-tzu Rick, de um ano e meio.
Para o programador Felipe Alonso, de 34 anos, que tem o galgo Rainer há cinco anos, os serviços não podem ser avaliados só pelo preço.
“É um serviço de confiança, não tem como mudar de profissional se o preço sobe. O veterinário é como um médico para nós, humanos.”
Mais atenta aos custos mensais do labrador Marley, a chefe de cozinha Cristiny Veiga, de 38 anos, está sempre acompanhando os preços dos serviços para seu cão, que frequenta uma creche para animais durante a semana.“Estou sempre de olho e sei que estou pagando por um bom serviço e dentro da média. Mas também há a questão de o animal se acostumar com o lugar e com as pessoas, o que não permite a mudança a qualquer momento”, diz.
Reajuste
O presidente do Sindicato Patronal de Médicos Veterinários (Sinpavet) e da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais em São Paulo (Anclivepa-SP), Ricardo Coutinho do Amaral, disse não acreditar no índice apontado pelo IBGE.
Já a coordenadora da câmara setorial de lojistas de pet shop do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP), Valquíria Furlani, atribui a inflação ao crescimento do setor no Brasil. O Ministério da Agricultura, que no mês passado criou a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva dos Animais de Estimação (PET), calcula que o segmento movimentou de R$ 18,2 bilhões em 2011, gerando cerca de 3 milhões de empregos.
“Antigamente, pet shop nos fazia pensar só em banho e tosa. Hoje há uma gama muito maior de serviços: babás, hotéis, cabeleireiros, creche, tratamentos homeopáticos e de acupuntura, entre outros”, diz Valquíria.
Ela cita ainda dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), segundo os quais a parte de serviços representava 8% do faturamento de um pet shop em 2010. “Em 2011, essa porcentagem chegou a 11% e, neste ano, deve chegar a 15%.”
Dos 44 mil estabelecimentos paulistanos vinculados ao Sindilojas-SP, 5 mil são pet shops. Valquíria acredita que a inflação deve seguir em alta porque o setor está se sofisticando. A preocupação do Ministério da Agricultura em criar uma câmara voltada para ele seria o sinal mais claro disso. “Se sem organização a coisa já estourou, imagine agora, com o mercado mais estruturado, com mais possibilidade de sucesso.”
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