Pit bulls foram localizados pela polícia em chácara de Aparecida de Goiânia.
Durante audiência, defensores dos animais fizeram uma manifestação.
(Foto: Sílvio Túlio / G1) |
A juíza Lilian Margareth, do 2º Juizado Criminal da Comarca de Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital, deve decidir em até 30 dias com que vai ficar os 56 cães da raça pit bull que foram encontrados pela polícia, em março deste ano, com sinais de maus-tratos. Os bichos foram localizados em uma chácara da cidade e a suspeita é que eles participavam de rinhas. Na quarta-feira (26), ocorreu a primeira audiência para definir a guarda dos cães. Na porta do Fórum, houve uma manifestação de pessoas ligadas a grupos de defesas dos animais.
O proprietário do imóvel e antigo dono dos animais, Camilo Godinho Neto, de 44 anos luta para reaver os bichos. Atualmente, eles estão sobe a tutela temporária da comerciante Meibel Pereira Veríssimo, de 44 anos. Ela é coordenadora de um grupo de proteção animal e tenta obter a guarda definitiva dos cães.
Os animais foram localizados no dia 8 de março deste ano, depois que policiais resolveram apurar uma denúncia anônima de porte ilegal de armas. Chegando ao local, além de comprovarem o crime, encontraram 57 cães vivendo em situação de abandono - um deles morreu no decorrer deste período. Outros 55 galos também foram localizados na chácara.
Sem água e comida, vários animais estavam com as costelas aparentes. Ao G1, Camilo negou que cuidava mal dos cães. "Crio animais há dez anos. O aspecto de magreza é típico daquela raça", disse ele pouco antes de entrar em uma das salas do Fórum de Aparecida de Goiânia para a audiência. Foi a única declaração dele para a reportagem sobre o caso.
Por conta da situação, o Ministério Público acabou oferecendo denúncia de maus-tratos contra Camilo. Ao saber do fato, Meibel, que é diretora do Hammã, grupo de apoio a animais abandonados, requereu e ganhou na Justiça a tutela provisória dos cães. No dia 11 de abril, ela foi até a chácara, que fica no Setor Jardim Continental, e resgatou os bichos. Antes, ela já havia encontrado um local para eles ficarem. Foi quando surgiu o Recanto dos Pit Bulls.
"Lá era um canil abandonado [no Jardim Presidente, em Goiânia]. Aluguei por R$ 2 mil mensais e conto com a ajuda dos padrinhos e voluntários para mantê-lo. Lá já tinha 40 baias para os cães. Após um mutirão, construímos as 16 que faltavam. Também arcamos com despesas de alimentação e tratamento médico", disse Meibel ao G1. Ela afirma que muito da ajuda que o grupo recebe vem de simpatizantes da causa, que aderem o movimento pelo Facebook do grupo.
(Foto: Sílvio Túlio / G1) |
Segundo alguns voluntários que ajudam Meibel, o custo para manter os 56 cães em condições normais seria entre R$ 7 e R$ 8 mil mensais. Como vários deles ainda se recuperam de doenças e dependem de remédios e consultas com veterinário regularmente, esse valor pode chegar até R$ 15 mil por mês.
Luta
Meibel tem uma história de quase dez anos de luta em favor de animais vítimas de maus-tratos. Voluntária desde 2005, três anos mais tarde, ela criou seu próprio grupo de apoio. No Recanto dos Pit Bulls, a comerciante ela arca, com a ajuda de outros apaixonados por bichos, com a alimentação e tratamento médico dos cães.
Ela afirma que se conseguir a guarda definitiva dos bichos, começará um processo para adoção deles. Isso inclui a castração e a continuidade no trabalho contra doenças. Esse período, até que eles estejam aptos a serem levados para um novo lar, demora em média de um ano.
A comerciante tem um brechó, de onde tira seu sustento. Ela, que tem como bicho de estimação um pit bull paralítico, afirma que trabalha, literalmente, "para cachorro". "Pelo menos 70% do que ganho, eu gasto para tratar dos animais. Faço pelo amor que tenho não só aos animais, mas sim à vida. Deus quis que eles recebessem mais o meu carinho", fala.
Manifestação
Durante a audiência, cerca de 50 pessoas defensoras dos animais fizeram uma manifestação na porta do Fórum. Com cartazes mostrando "o antes e o depois" dos bichos após eles terem sido levados para o lugar onde vivem atualmente, ele torciam para que a guarda dos pit bulls ficasse com Meibel.
A maioria dos presentes era voluntária no Recanto dos Pit Bulls. Pessoas como a artesã Veronice Costa, de 60 anos. Ela conta que vai ao canil todos os dias por ser responsável pela medicação dos animais no período matutino. "Também os levo para a clínica quando necessário", pontua.
A educadora física Vanise Cézar, de 49 anos, participou do protesto e aproveitou para lembrar o cão Xerife, que morreu de insuficiência renal dias depois de ser resgatado. "Ele é o nosso mártir", diz.
Vanise contou que tem dois cachorros em casa como bichos de estimação e outros oito em uma chácara de lazer. O amor pelos bichos já é antigo. "A gente nasce assim. Desde pequena sempre fui a favor das causa dos animais". Segundo ela, são gastos pelos menos R$ 500 somente no tratamento dos cães que vivem em sua casa, sem contar os custos como voluntária.
Vanise (à esq.) e Veronice protestam contra morte de pit bull Xerife (Foto: Sílvio Túlio / G1) |
Fonte: G1
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