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Cães Obesos – Quando a Gordura não é Formosura

Written By CACHORRO BOM 619.98128200 on quarta-feira, 19 de outubro de 2011 | 00:42

Obesidade em cães
David e Derek Benton, dois irmãos ingleses de 62 e 53 anos, foram condenados a três anos de prisão, com pena suspensa, por permitirem que o cão que possuíam ficasse “excessiva e grosseiramente” gordo. Rusty, um Retriever do Labrador de cor chocolate, pesava 73 kg e não conseguia dar mais de cinco a seis passos sem parar para respirar, segundo o porta-voz da RSPCA, uma associação de defesa dos direitos dos animais que se ocupou do caso.

O caso passou-se em Janeiro de 2007 em Inglaterra, mas em Portugal, o ditado “gordura é formosura” está ainda por vezes demasiado enraizado ao ponto de os donos ainda não terem consciência dos malefícios do excesso de peso nos animais.

Com a população do mundo ocidental cada vez mais gorda, também os animais começam a ficar com o excesso de peso, seja porque os donos estão menos activos e o exercício com o cão é menor, seja porque partilham com os animais os lanches hiper-calóricos fora de horas.


Quando a  gordura é formosura?
'Se tiver um cão de raça, pode facilmente ter acesso à altura e peso ideal do animal e ter assim linhas que o podem ajudar a perceber se o cão está gordo ou formoso. Rusty deveria ter entre 54 e 57 kg, mas os donos deixaram que em apenas dois anos, o Labrador aumentasse 13 kg.

A forma física de todos os cães pode ser apreciada colocando a mão na zona das costelas. Estas não devem ser visíveis, ou seriam sinal de magreza, mas devem poder ser sentidas se esfregar levemente a ponta dos dedos.

Para uma avaliação mais precisa, deve consultar o veterinário que pesa, mede, observa e faz a apalpação de algumas zonas para verificar se o animal tem gordura a mais e se está convenientemente tonificado.

Algumas raças de cães raramente ganham peso a mais, como por exemplo, os cães nórdicos, há no entanto outras que parecem ser verdadeiras máquinas de triturar comida. Para piorar a situação, algumas dessas raças são propensas ao desenvolvimento de displasia, que são agravadas com o excesso de peso.


Algumas raças com tendência a engordar:
* Basset Hound
* Beagle
* Bichon Frisé
* Cairn Terrier e outros terriers de porte pequeno
* Caniche Toy
* Cocker Spaniel Inglês e Americano
* Dachshund
* Dálmata
* Dogue Alemão
* Springer Spaniel Inglês e Galês
* Golden Retriever
* Labrador Retriever
* Mastiff
* Pug
* S. Bernardo
* Schnauzer Miniatura
* Shih Tzu
* Weimaraner

Riscos à saúde:


A quantidade de cães obesos que se vê nas ruas parece indicar que há ainda muitos donos que não conhecem os riscos a que o cão está sujeito ao tornar-se obeso.

A obesidade contribui para:

Risco aumentado em cirurgias – Necessidade de uma maior dose de anestesia e menor visibilidade dos órgãos envolvidos em massa gorda;

Maior pressão sobre o coração, pulmões, rim e articulações – Quase todos os órgãos do cão têm de aumentar o seu ritmo de actividade para manter o maior volume de massa do animal.

Agravamento de doenças articulares, como a artrite – O aumento de peso faz com que o cão tenha de forçar mais as articulações para se poder movimentar. A artrite, que provoca dores intensas, pode-se desenvolver devido ao aumento da pressão sobre joelhos, anca e cotovelos. Esta condição é ainda mais preocupante nas raças de porte grande que são já predispostas a desenvolver displasias.

Desenvolvimento de problemas respiratórios em tempo quente e durante exercício – Num cão obeso os pulmões têm menos espaço para se encherem de ar e têm em contrapartida de aumentar a sua capacidade de captação de oxigénio para fornecer ar ao maior número de células no corpo.

Desenvolvimento de diabetes – Doença sem cura que pode obrigar a injecções diárias e pode levar à cegueira. A incapacidade de produção de insulina para processar os níveis aumentados de açúcar está por detrás do desenvolvimento de diabetes.

Aumento da pressão sanguínea que pode originar problemas cardíacos – O coração é um órgão bastante afectado pela obesidade. O coração tem de aumentar a sua capacidade de distribuição de sangue a muitos mais sítios que se foram criando com a acumulação de massa. Como o sangue tem de percorrer um caminhos mais longos, a força ou pressão com que é bombeado tem de aumentar.

Aumento da probabilidade de desenvolver tumores – Estudos recentes associam o desenvolvimento de cancro, sobretudo mamário ou no sistema urinário, com a obesidade.
Perda de eficácia do sistema imunulógico – As doenças virais parecem afectar de forma mais agressiva os cães com excesso de peso.

Problemas gastrointestinais – Diarreia e o aumento da flatulência ocorrem mais frequentemente em cães obesos, situação que não é agradável nem para o cão e nem para o dono.

Em suma, um animal obeso perde assim qualidade de vida. As doenças associadas à obesidade encurtam a vida do cão e são geralmente de tratamento dispendioso.

Situações a que deve estar atento:

Esterilização – Os animais castrados ou esterilizados podem aumentar de peso. Isto advêm da diminuição da actividade. O exercício deve ser estimulado e a ração ajustada, caso o cão comece a engordar.

Velhice – Os cães diminuem a sua actividade quando entram na terceira idade, tal como as pessoas. Deve estar atento a flutuações no peso e falar com o veterinário caso note aumento ou mesmo perda de massa.

Actividade limitada - Os cães que tenham problemas articulares e tenham por isso uma actividade reduzida devem ser vigiados de perto pelo veterinário, para que este faça os ajustes necessários à ração e aconselhe sobre o tipo e quantidade de exercício que o animal deve fazer.

Gravidez – Não confunda aumento de peso com gravidez. Caso não saiba o porquê do aumento súbito de peso numa cadela leva-a ao veterinário. Não estipule dietas sem o acompanhamento médico.

Tratamento:

Os cães obesos devem ser vigiados por veterinários. As flutuações de peso podem ser perigosas e os animais devem ter um plano adaptado ao seu caso específico, para que possam emagrecer de forma saudável. Contudo, em quase todos os casos, o tratamento passa por dieta e exercício.

Dieta:

Os animais obesos devem a par de outras medidas fazer uma dieta com baixo teor calórico.
Existem rações específicas de dieta para cães que só devem ser utilizadas se forem aconselhadas pelo veterinário. Isto porque a composição destas rações é diferente das rações ditas normais e podem levar a deficiências nutricionais se os cão não necessitarem deste tipo de dieta. Contudo, os cães que não estão apenas com excesso de peso, mas encontram-se já no quadro clínico da obesidade, costumam geralmente ter de alterar a ração que consomem.

Em casos menos graves, os veterinários podem aconselhar diminuir a quantidade de ração dada ao cão. Geralmente a quantidade indicada na embalagem é um pouco acima das necessidades reais dos animais, isto aplica-se sobretudo a cães pouco activos que não desgastam aquilo que consomem.

Em todos os casos, as guloseimas fora de horas devem terminar. Por muito que custe resistir ao pedinchão, pense que está a contribuir para que o cão se torne mais saudável e feliz a longo prazo. Sofrer de artrite, por exemplo, é bastante penoso para os animais.


Exercício:

Os animais obesos são menos activos do que animais com o peso ideal. O peso a mais faz com que tenham dificuldade a respirar quando se movem e o exercício começa a ser demasiado penosos para os pulmões e coração do cão.

Os passeios são a melhor forma de exercício que um cão obeso pode ter. Não esforce o cão demasiado nem insista na corrida. Se o passeio for demasiado curto, volte a sair com ele mais tarde. Aproveite o fim e o início do dia para passear, uma vez que as temperaturas altas tornam o exercício penoso para o cão.

As brincadeiras são também uma óptima forma de exercitar o cão. Buscar o pau costuma ser bastante popular entre a maior parte das raças de cães, não sendo demasiado cansativo para o dono.

Treino:

Os cães pedinchões devem ser re-educados para não pedirem comida. Muitas vezes este comportamento não está relacionado com fome mas sim com atenção. Os animais querem atenção e sabem que ao pedir comida quando o dono está a comer, conseguem aquilo que querem.

Por isso, sempre que o cão pedir comida, brinque com ele. Se não resultar ofereça-lhe fruta ou vegetais. Em último caso, ignore-o quando pede comida. Não o deixe também assistir às refeições se sabe que vai ceder.

Com exercício e uma alimentação saudável, os animais obesos costumam recuperar a forma e aumentar assim a qualidade de vida. Rusty foi tirado aos donos quando tinha 73 kg e na altura da leitura da sentença o cão foi-lhes devolvido com menos 22 kg. O tratamento foi feito pela RSPCA, que já tinha aconselhado os donos a levarem o cão ao veterinário. Como defesa, os irmãos afirmaram que Rusty tinha artrite e que não era facilmente exercitado, mas que continuava a ser um cão feliz. O tratamento levado a cabo pela RSPCA custou 3000 libras, cerca de 3700 euros, o que segundo a advogada de defesa dos donos, não está ao alcance de todos os donos de animais.

Sentenças à parte, serve este caso para exemplificar a seriedade do excesso de peso, os custos monetários que implica e as consequências físicas que daí podem advir tanto para donos como animal.


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