Assim como ocorre com os humanos, com a doença de Alzheimer, cães idosos podem padecer da chamada Disfunção Cognitiva Canina (DCC), a qual pode causar alterações de comportamento secundárias à função mental diminuída, que passam despercebidas por muito tempo. Apesar de não haver cura para a doença, alguns medicamentos, aliados a mudanças de comportamento, manejo ambiental e alteração na dieta podem ajudar a desacelerar este processo.
O diagnóstico da DCC não conta, até o momento, com testes disponíveis e por isso são de grande importância as observações do tutor e o histórico dos cães. O acompanhando geriátrico por um veterinário deve ser iniciado por volta dos 7 anos de idade para que um perfil de comportamento seja traçado possibilitando a identificação precoce de alterações cognitivas. As mudanças comportamentais incluem: redução da atividade física, distúrbios do sono, mudanças no apetite, micção inapropriada, agressividade, diminuição da interação social, desorientação, esquecimento de comandos básicos anteriormente conhecidos, vocalização sem razão aparente, dentre outras.
O tratamento de cães é complexo porque a educação e o comprometimento do tutor são imprescindíveis para o sucesso do mesmo. Devido à doença de Alzheimer estar melhor difundida entre humanos, talvez o entendimento da DCC seja mais facilmente compreendido. Na medicina humana, muitos medicamentos tem sido desenvolvidos para o tratamento de Alzheimer. Atualmente nos EUA somente o Selegiline (L-deprenil) está aprovado pelo FDA e especificamente para cães, apesar de ser usado em gatos com sucesso. L-deprenil é um inibidor irreversível da monoamina-oxidase (MAO). As duas principais monoamina-oxidases são a MAO-A e MAO-B. Ambas, porém principalmente a B, catabolizam, a desaminação oxidativa de várias catecolaminas, particularmente a dopamina, norepinefrina, epinefrina, beta-feniletilamina e a serotonina. Ambas, mas principalmente a MAO-A, também catabolizam aminas exógenas que derivam de vários alimentos e fármacos, resultando em um efeito significativo no trato digestório e no fígado. A dieta dos cães deve ser rica em antioxidantes, há rações específicas. Alguns suplementos como a S-adenosilmetionina (SAMe) que é um metabólito endógeno essencial, tem se mostrado de grande auxílio por seus efeitos antioxidativos, melhorando a a plasticidade neuronal e a renovação de certos neurotransmissores.
Técnicas de treinamento positivo sem punição devem ser implementadas. É possível re-treinar animais idosos, a capacidade cognitiva pode estar diminuída mas nunca ausente. Estimulação mental é de suma importância na manutenção da acuidade cerebral, mantenha o cérebro dos cães ocupados com novos brinquedos, atividades novas, socialização. Use sinais claros e óbvios, não crie muitos comandos novos, tente utilizar os comandos básicos, e para aqueles que já possuem déficit auditivo, um assovio é mais do que necessário para alertar o animal.
A re-ambientação da casa também ajuda muito, por exemplo, colocar mais caixas de areia disponíveis pela casa, mover a mobília de lugar (no caso de pacientes com déficit visual), levar o cão para fora com mais frequência para urinar e defecar, deixar uma meia luz acesa à noite para que o animal se oriente pela casa, colocar tapetes pela casa para facilitar a locomoção daqueles com artrites. Enfim, muitas são as opções e muito pode ser feito para acomodar ambos o animal e o proprietário, tudo depende de boa vontade.
A terapia com psicofármacos é variada e tem finalidades como: melhorar a circulação mo cérebro por ação vasodilatadora (propentofilina, nicergolina), efeito antioxidante (selegelina, propentofilina, nicergolina), incrementar a função de neurotransmissores ( selegelina, clomipramina e ter efeito neuroprotetor ( selegelina, propentofilina). Nenhuma medicação deverá ser usada sem indicação de veterinário. Cada caso deve ser avaliado e passar por exame físico e análises complementares.
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